Sem me dizerem eu sei
Nunca fui hoje não sou
Voltar a passar o que passei
Por esse caminho não vou
Não vou porque já de lá venho
Não quero voltar a tráz
O que eu disse mantenho
Para mim já tanto faz
Pensei hoje falar de mim
Não achei apropriado
Vou continuar sempre assim
Vivendo o meu próprio fado
Quem nasce com fado triste
Pode ainda esperanças ter
Porque no fado existe
Coisas boas sem se ver
Ninguem foge nem que tente
Sem o seu fado viver
Livrar-se dele ninguem pense
Seu fado tem que sofrer
Não vejo no fado tristeza
Se o mesmo for bem cantado
Até a propria pobreza
Se senta com ele ao lado
Para mim o fado é irmão
De quem alegria não tem
Acompanha na solidão
E na alegria também
Bem aja quem assim pensa
E que ao fado se arrima
Dizem que logo à nascença
Vem escrita a nossa vida
Um dia este fado deixo
Para o além vou partir
O oculto enfrentar
Outro fado vou ouvir
António Assunção