Nasci em colchão de palha
Que outros colchões não havia Vou vivendo como calha Hora a hora dia a dia Nasci sem razão de ser Eu não pedi para nascer Quero ter direito á vida Deixem-me apenas viver Num mundo apodrecido É um salve-se quem puder Um pai não educa um filho E abandona uma mulher Hoje sou homem, sou pai Tenho o amor de uma mulher O carinho dos meus filhos
Que mais é que um homem quer?
Hoje vejo os meus netos
E comparo o meu passado
Muito felizes eles são
Ao terem os pais ao lado
Tenho ou não categoria
Eu peço a Deus que me valha
Não me importo de morrer
No mesmo colchão de palha
António Assunção