Quarta-feira, 23 de Junho de 2010

Em tempos que já lá vão

O fado cá era assim

Desafiava um amigo

Para cantar ao pé de mim

 

Eu andava lá longe

E ouvi o teu pedido

Por isso vim a correr

Para vir cantar contigo

 

Para vires cantar comigo

Amigo do coração

Dá-me cá um abraço

E um aperto de mão

 

Agora que te abracei

E apertei a tua mão

Continua a desgarrada

Que é a tua obrigação

 

Parece que vens com pressa

Andas mal habituado

Tu andas sempre a correr

Tens aspecto de cansado

 

Muda mas é de conversa

Já me estás a chatear

Não vim para ouvir sermões

Eu vim aqui para cantar

 

Estás a ficar nervoso

E já não tens pedalada

Para inventar a cantiga

Nesta nossa desgarrada

 

Estás-me a provocar

O teu corpo está a pedir

Ainda te vais engasgar

Eu vou-me ficar a rir

 

Vieste aqui para cantar

Mas trazes pedras na mão

Vens armado em cordeiro

Mas o que tu és é leão

 

Estás a falar de feras

Tu és um grande matreiro

Se não te portas como um homem

Levas um pontapé no traseiro

 

Já está a cheirar mal

Essa tua cantoria

É melhor tu ires pregar

Para outra Freguesia

 

Então vou-me despedir

Vou partir eu vou-me embora

Mas espero cá voltar

Numa outra qualquer hora

 

Volta que és bem recebido

Te digo com alegria

Também de ti me despeço

Adeus até qualquer dia

 

Os dois aqui moramos

Neste nosso lindo cantinho

Gostamos da nossa terra

Que se chama o Goulinho

 

António Assunção

 

Fica aqui uma recordação de como se cantava o fado serrano à desgarrada nos bailes no meu Goulinho.

 

 

 

 



publicado por ala-goulinho-poemas às 20:41
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