A manhã está a nascer
O galo já está a cantar
Já não consigo dormir
Eu vou-me já levantar
Toca o sino na aldeia
O relogio bateu as quatro
Tenho que me levantar
Hoje é dia de ir ao mato
Espreitei pela janela
Na rua já ia o José
Vou acender a lareira
E vou fazer o café
Bebo um pouco de café
Como um pouco de pão
Ponho a corda ao ombro
E afio o meu podão
A manhã está bonita
Canta toda a passarada
Cá vou eu pelo caminho
Ao som da bicharada
Assustei-me um bocadinho
Estava a roçar o mato
Olhei para o lado e vi
Era o miar do meu gato
Ponho o molho ás costas
Já eram seis e tal
O galo continua a cantar
Berra o gado no curral
Deito o mato ás cabritas
Vou á poça do loureiro
A água está por andada
A regar sou o primeiro
Deito a água ao milho
Também rego a horta
Está um carro a apitar
Tanho o peixeiro à porta
Vou ordinhar as cabras
Vou à adega levo vinho
A mulher vai fazer o queijo
Eu bebo um copo de vinho
O sol vai alto está calor
E eu aqui a pensar
Tenho tanto para fazer
Vou mas é descansar
António Assunção